Somos talvez mais de 800 000, 10, qualquer coisa por cento, desempregados. cerca de 15oooo sem direito a qualquer subsídio ou apoio por parte do Estado. contemos ainda com cerca de 750000 trabalhadores precários e/ou a recibo verde. juntos e se organizados em partido político podíamos ser a 3ª, senão mesmo a 2ª, quiçá a 1ª força política do país. Calma, não venho para apresentar mais um grupo de oportunistas políticos (um partido), nem para cantar o fado choradinho do coitadinho. Quero aqui inaugurar um espaço aberto a que possamos dar vazão à nossa depressão e no qual exijamos tudo a que temos direito e recusar a santa caridadesinha que bispos, padres e senhoras com cheiro a naftalina já começam a propagandear. Quero a minha dignidade de volta, que me foi retirada no dia em que perdi o emprego e acentuada quando procurei outro e me disseram que compreendiam a minha situação, gostavam de ajudar... mas, sou demasiado velho. quero ser ajudado pelo Estado do meu país o qual com a força do meu trabalho ajudei a construir, recuso-me a ser mais um cliente da paróquia, da cáritas ou da sopa dos pobres. Eu trabalhei, descontei, paguei impostos, até fui à tropa, então porque é que o Estado do meu país me abandona agora que preciso dele?
Mas não desesperemos, como bem canta o Manuel João Vieira:
«antes bater a bota
que chegar a ser cota,
mas antes que ganhe o paraíso
hei-de moer-vos o juízo.»
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